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Postado em 18/11/2013

Economia brasileira recuou 0,12% no terceiro trimestre, indica índice do Banco Central

A economia brasileira encolheu 0,12% no terceiro trimestre deste ano nas contas do Banco Central. De acordo com o Índice de Atividade Econômica da autarquia (IBC-Br), divulgado nesta quinta-feira, nem mesmo o crescimento contínuo das vendas do comércio foi suficiente para fazer o país crescer de julho a setembro. A previsão dos especialistas era que haveria estabilidade, ou seja, crescimento zero nesse período.
 
 
Também frustrou expectativas o desempenho da atividade econômica em setembro. As apostas eram que ele ficaria no campo positivo, mesmo que em um patamar muito baixo. Segundo o chamado “PIB do BC”, a economia também mostrou retração no mês, mas muito mais leve: 0,01% apesar do resultado do comércio ser considerado positivo.
 
Segundo o economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências, não houve surpresas e o terceiro trimestre deverá ser marcado pelo baixo desempenho de investimentos, pelo lado da demanda, e por uma indústria e agropecuária mais fracas, pela ótica da oferta. Bacciotti espera queda de 1,3% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, que sinaliza os investimentos) entre julho e agosto ante o segundo trimestre, o que, se confirmado, interromperá uma sequência de três altas consecutivas. A indústria deverá ter uma retração de 1,2%, pelas contas dele. O PIB para o ano deverá ficar em 2,4% em 2013.
 
— O comportamento da indústria vai ser a principal contribuição negativa para o terceiro trimestre, principalmente a de transformação. Mesmo os dados de Serviços, impulsionados pelas vendas do varejo, não vão ser suficientes para evitar o terreno negativo da economia. O que está por trás disso é a manutenção de uma confiança do empresariado muito baixa em relação à economia e um câmbio mais desvalorizado, que reduziu a importação de bens de capital — afirma.
 
O desempenho do setor de Serviços deve ser um dos destaques positivos do terceiro trimestre. Ontem, o IBGE divulgou que as vendas do comércio cresceram 0,5% em setembro na comparação com agosto: abaixo das perspectivas domercado financeiro. Foi o sétimo mês seguido de alta. Para Bacciotti, as vendas do varejo têm sido impulsionadas pelo Minha Casa Melhor, programa voltado para a aquisição de móveis e eletrodomésticos pela baixa renda, e por uma inflação mais bem comportada.
 
O economista Eduardo Velho, da INVX Global Partners, estima que os Serviços tenham um viés de alta no terceiro trimestre do ano. Isso se deve, segundo ele, à incorporação pelas Contas Nacionais dos dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). O setor, que corresponde a mais de 60% do PIB, é considerado subdimensionado por grande parte dos economistas. Além disso, Velho considera que o mercado de trabalho mostrou pujança em setembro, o que serviu para mostrar que a demanda continua aquecida.
 
— Apesar desse resultado negativo do IBC-BR em setembro, os dados do terceiro trimestre foram bem menos piores do que se esperava em agosto e o carry over (carregamento estatístico) para o quarto trimestre não será tão alto. A situação macroeconômica está muito ruim, mas, no curtíssimo prazo, os empresários já ajustaram os estoques e estão produzindo em ritmo melhor.
 
Os dados do Banco Central foram dessazonalizados pelos técnicos, isso significa que já foram descontados fatores típicos de cada época do ano. O IBC-Br foi criado pela autarquia para balizar a política de controle de inflação no Brasil. Como o dado oficial de crescimento do Produto Interno Bruto (conjunto de todos os bens e serviços produzidos pelo país em um ano e divulgado pelo IBGE, PIB) é defasado, o BC divulga o seu número como referência do comportamento da atividade econômica.
 
Nos últimos 12 meses, a economia acumula um crescimento de 2,48%. Os economistas apostam numa clássica melhora de fim do ano, mas o otimismo não avança para o ano que vem. Os motivos são vários: alta dos juros, indústria instável, acomodação do emprego e da renda, perda de confiança de consumidores e empresários e inadimplência alta.
Fonte: O Globo